25/02/2009

ESSA MALA É UMA MALA, MAS É DO CORAÇÃO

E não é que a minha mala gigante está se despedaçando pelo caminho? Já ficaram algumas peças em Marrakech depois dos buracos da Medina, no Cairo arrebentou as alças no entra e sai nos barcos, aqui perdeu o parafuso da peça que puxa os rodízios. Está toda "malarrumada".

Mas é uma mala do coração e me companha há uns 8 anos, acho que foi a minha primeira compra na Osklen da Da Kine, e tem a minha cara: moderna, apesar de antiga e preta...kkkkkk ( ou será que sou eu que tenho a cara dela: de mala? Não precisa responder! ).

Como eu posso comprar outra aqui e deixar pra trás uma companheira dessas?

Ela não está agüentando o peso da minha tranqueira. Roupa demais, papel demais, tudo over.

Um aparte: por falar em over, eu me lembrei de oversize, não sei por quê.
Outro dia, em Marrakech, eu estava me sentindo muito mal, com dores na região abdominal. Comecei a ficar preocupado. No almoço em um dos restaurantes da estrada em direção ao Atas, resolvi mudar o a fivela do cinto - pra frente, para ver se melhorava. E melhorou.
A minha dor era porque a barriga tinha crescido mais que o espaço que eu tinha definido pra ela na circunferência do cinto. Pode? Cheguei aqui 4kg mais magro e queria manter o mesmo buraco no coitado do cinto 45 dias depois. Só milagre! Mas a barriga tá grande de doer....kkkkkkkkkkkkk LITERALMENTE! Não tô nem aí porque tem jeito: ou eu viajo, ou emagreço. As duas coisas juntas, impossível!

Voltando à mala: mas na próxima viagem vai ser diferente.

Em dois meses, seu eu quisesse, usaria - lavando sempre, hein!!!!!- só 04 cuecas, 04 pares de meias pretas, 02 camisetas de malha preta - porque a branca não agüenta o batente e fica toda encardidada ( eu já deixei uma em Marrakech ), 01 cachmere preto, 02 calças jeans - uma preta e outra blue, 01 tênis versátil mais que confortável e 02 casacos. Mais nada.

Tem mais sim: um necessere com 1/3 das coisas que eu trouxe porque parece que eu vim abrir uma farmácia em cada lugar, de tanto remédio.

Esta será a minha bagagem para a próxima viagem de irverno.

Agora sim, mais nada!

EM ATENAS

Ontem eu cheguei em Atenas e foi uma paulada de civilização.

Não que os meus queridos da África não o sejam, mas é outra coisa. Pode parecer preconceituoso e esnobe, mas não é. Acho que é a mesma sensação que os europeus têm quando saem e retornam ao seu continente. E eles estão certíssimos, porque aqui é um luxo.

Aqui eu não tenho medo de andar nas ruas, de errar caminho - porque o meu senso de direção é péssimo e sempre erro. Eu moraria em Atenas numa boa. Ela foi eleita a cidade mais segura da Europa para se morar.

Cidade moderna, com a sua história e paisagens lindas, gente bacana, boa comida e um idioma indecifrável. Agora eu sei definitivamente quando usar a expressão: parece que está falando grego. NÃO DÁ PRA ENTENDER NADA MESMO! Nenhum fonema me soa familiar, mas o povo é lindo de doer.

Hoje fui tentar conhecer Acrópolis, mas estava fechada. Ponto turístico que fecha às 2h da tarde? Absurdo! Mas valeu porque endei muito e conheci um pouco da cidade. Mas da Grécia antiga ainda nada, só através das grades kkkkkkkkkkkkkkk.

Tenho mais 2 dias e vou ter que correr. Dia 28 vou encontrar o Carlos em Istambul. Agora vou ter um companheiro de viagem de primeira por alguns dias. Eu estou me sentindo muito só.

LUXOR É UM LUXO

Hoje eu tive uma aula de história. E das boas.

Pela manhã eu conheci o Esteban , o guia egípcio que fala espanhol contratado para me acompanhar aqui em Luxor. Foi uma das pessoas mais iluminadas que conheci na viagem até agora: correto, íntegro e absolutamente apaixonado pelo que faz. Eu fui com a cara dele logo de início; expliquei o meu drama do cartão de crédito e ele fez de tudo para me ajudar e conseguiu.

Fomos a uma loja para turistas que trabalha com ônix, basalto e granito uma aula de pedras maravilhosas. Trabalho artesanal que leva de 02 a 10 dias para ficar pronto.
Na loja eu comprei alguns presentes e ele conseguiu que o dono passasse o meu cartão de crédito “Cavalo de Tróia “ ( porque é um presente de grego: limite altíssimo para compra e de retirada baixíssimo ), e me desse pelo menos 200,00 euros em libras egípcias para que eu trocar no aeroporto para continuar a viagem, coisa que já ajudou um pouco.

E ainda ligou para a agência de viagens que me financiou o cruzeiro sem que eu fizesse o pagamento total e fez a transação de modo que a própria loja repassaria o dinheiro para agência.
Eu não entendi nada do trâmite, mas ta valendo porque resolveu o meu problema. Deus existe!!!!!!

Logo cedo fomos conhecer aqui em Luxor alguns lugares que, com certeza, vou rever na internet porque foi uma aula de história de cair o queixo.

Aqui os guias precisam cursar uma faculdade de 05 anos e falar, no mínimo, o árabe ( claro! ), o inglês e o francês, que são línguas que hoje já se aprende na escola primária, junto com o árabe. E o cara me deu uma aula de símbolos, decifrando o alfabeto egípcio antigo e falou da importância de cada faraó na história do Egito. E não é que tiveram 03 poderosas mulheres faraós? Isso eu não sabia.

CRUZEIRO PELO RIO NILO: ANSWAN - KOM OMBO - EDFU - LUXOR

Nunca eu pensei em fazer um cruzeiro como este, ou melhor nunca tive vontade. Porque pensar em fazer a gente sempre pensa.
A Suelen, minha morena da ZOR, está fazendo o dela agora no Carnaval e deve estar se esbaldando.
Sempre quando alguém diz que foi a um, logo depois vem a descrição da esbórnia, da bebedeira e da festança. Normalmente falam das pessoas que conheceram, beijaram ou simplesmente fizeram sexo.

Aqui eu não fiz nada disso. As únicas pessoas para quem eu dirigi a palavra foram os rapazes da recepção e os garçons do restaurante, mesmo assim porque sou educado e alguns deles me ajudaram bastante no momento without money.

Cruzeiro é engraçado. Você faz tudo com no mesmo local e no mesmo horário. Eu tive uma mesa de 06 lugares só para mim, porque eu e outra menina árabe estávamos sozinhos, mas ficávamos em mesas separadas, cada um na sua de 06 lugares,e cada um no seu mundinho. Café das 7 às 8h, almoço de 13 às 14h e jantar de 20 às 21h. Aqui eu tive que me adequar aos horários para não ficar com fome.

O barco estava vazio: máximo umas 20 pessoas durante os 04 dias.
Eu não tive vontade de conversar com ninguém, apesar de ter uma família e um casal de espanhóis, onde eu poderia exercitar a meu idioma favorito. Eu precisava de silêncio. Eu não queria interação, bater papo, muito menos as famosas festas.

Um noite teve uma árabe ( todas têm temas, né.). Alguns gatos pingados se vestiram a caráter, compraram roupa na lojinha e foram dançar na boate numa animação de dar dó.

Eu não estava ali pra festa. Mas eu também não sabia para quê eu estava; acho porque era diferente e eu estou me permitindo mais.
Eu fui meio no susto, como tudo que aconteceu comigo nesses dois últimos meses.

Eu não me permito fazer planos. Deu vontade, o dinheiro dá, eu vou. Sem pensar muito porque na minha vida até agora eu sempre fui muito racional.
Racional a ponto de nunca desejar aquilo que eu não posso ter.
Vou explicar até para eu mesmo entender: eu não teria vontade de fazer esta viagem se eu não tivesse possibilidade de realizá-la; eu nunca pensei na possibilidade de ter um carro bacana sem ter o dinheiro para tê-lo; eu não tenho vontade de ver vitrines da Osklen nos meses de aperto financeiro. É racionalidade ao extremo.
Eu não tenho vontade à toa, mas talvez isso seja bom porque eu sofro menos. Mas sonho menos também.

Eu nunca trabalhei pensando em ganhar dinheiro; eu sempre digo que o dinheiro que eu ganho é conseqüência do trabalho que eu realizo. Eu adoro trabalhar e me realizo no que eu me propus a fazer. E tenho que ser bem pago por isso, porque eu me desdobro para que ele saia perfeito.

De volta ao barco.

É uma delícia abrir a janela do barco, que ocupa toda a sua largura de 3.50m e fazer dele uma varanda. Eu deixo o sol entrar, fico só de cueca e sento numa poltrona imensa que tem aqui com os pés no guarda-corpo vazado pintado de azul, que me permite ver as águas do Nilo refletidas pelo sol. E não tem o vento do deck lá de cima, que é imenso e não posso ficar de cueca.
Pego a minha câmera e fotografo o que eu vejo de bacana nas margens do rio. E como tem coisa linda: mesquitas, jardins, crianças correndo atrás do barco e outros barcos nas direção contrária.
E o pôr-do-sol é de emocionar.

Tem um coisa que eu não conhecia: vaso sanitário com duchinha na parte interna, tudo na mesma peça. Eu tinha que escrever isso aqui para eu mandar um email pra DECA quando eu chegar no Brasil. Eu sempre sonhei com esse 2 em 1.kkkkkkkkkkkkkkkk
O box é aquela câmara que acente a luz interna, muda de cor, jato daqui, jato dali, uma parafernália que quase me provocou uma queimadura, com esse bobo aqui apertando todos os botões ao mesmo tempo.
O quarto é melhor que alguns hotéis 4 estrelas que fiquei até agora. Tem uma planta inteligente e não sobre nem falta espaço.

Não havia interação entre as pessoas que faziam o cruzeiro. Mas eu acho que ninguém estava ali pra papo. Os grupos não saíam da sua fronteira. Durante os quatro dias eu vi uma moça americana que estava com o namorado mostrar a sua foto para uma senhora que viajava com a sua filha e dois netos, já rapazes. E só.

Era o cruzeiro da solidão.

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Definitivamente, no soy lo mismo!