18/01/2009







AGUA COM JAVIER BARDEM

Ontem foi um dia de caminhada intensa. Saí do El Raval ao meio-dia, passei pelo Barri Gòtic, El Born, La Ribera e Parc de La Ciudadella até atingir o meu objetivo: Hotel Arts, no Porto Olímpico. Foram três horas de caminhada quase que sem parar. Parada mesmo só para tomar um suco e fotografar, e olha que eu fotografei muito pelo caminho. Mas as fotos não ficaram muito boas. Comprei uma lente 18-200mm IS 3.5, que é muito escura, mas tá valendo como exercício.

Já com as pernas doces de tanto andar, cheguei ao Hotel Arts, com direito à escultura do peixe voador de Frank Gehry na frente ( fotos acima ). São 42 andares que inspiram respeito. A região é bem bacana, com o belo porto, praias e restaurantes à beira mar. E é aqui que começa a minha história.

Morto de fome depois de ter tomado só um cafezinho com leite e comido um misto quente ao meio-dia, resolvo escolher um dos charmosos restaurantes num ponto mais baixo do calçadão para parar com a minha câmera, beber, comer e descansar.
São mais ou menos oito restaurantes de estilos diferentes instalados lado a lado.
Fui caminhando e observando os cardápios que ficam expostos na porta e a cara da comida, como eu já disse, eu como primeiro com os olhos.

Fui, voltei e resolvi parar no terceiro, o AGUA, que tinha em várias mesas uma panela imensa com um arroz com frutos do mar, do tamanho exato da minha fome. Tive que esperar do lado de fora porque a varanda onde eu queria ficar não tinha mesa disponível. E, ficar escondido atrás de uma mesa dentro de um restaurante à beira mar, mesmo com o frio de 10 graus que fazia do lado de fora, não rola! Tô fora! Literalmente!
Parado no deck comum a todos os restaurantes com a minha mochila nas costas, câmera pendurada no pescoço, vejo que dois homens e uma senhora muito elegante me olhavam meio nervosos, sentados em uma mesa no centro da varanda.

Quando eu vejo alguém me observando demais fora do Brasil eu logo penso: esses brasileiros pentelhos não vão parar de me olher não, hein...? Estão me reconhecendo de onde? De BH? Cacete!

Aí fui eu que me senti incomodado. Eles me observavam demais. E eu sempre com a minha câmera em punho, para evitar o sobrepeso no pescoço e as constantes dores nas costas, continuava de pé esperando uma mesa na varanda. Foi aí que fui percebendo do que se tratava. Vi que um dos caras não me era estranho. Veio aquele filmezinho em flashback recuando na minha cabeça - que já não está muito boa no quesito momória - e eu querendo saber de onde conhecia o sujeito, sem antes tentar lembrar quem era a bendita pessoa.

Os olhares das pessoas queriam me dizer algo e eu insistia em não querer entender. Parecia um daqueles filmes em que aparece o rosto do mensageiro e a voz do cara vem em off, com eeeeeeeeeeeeecccccccccccccccccooooooooooo. Lembrei quem era o bendito!..... E bendito seja!!!!kkkkkkkkkkkkk
Era Javier Bardem, ator de Vick Cristina Barcelona, Mar Adentro, ganhador do Oscar etc. Ele almoçava junto com um amigo e uma senhora de uns 80 anos muito elegante. Tô repetindo porque ela era elegante mesmo.

Foi aí que eu saquei e me perguntei ( em off também )... hhhhhhhhhhhanhannnn....Será que eles acham que eu sou paparazzi? A pergunta veio junto com a resposta: SIM!
Com essa minha cara de latino, óculos escuros espelhados, calça, blusa, cachecol pretos e com a minha cara de faminto deveria estar ali fingindo ser um qualquer que, quando eles menos esperassem, apontaria contra eles com a minha possante câmera Canom 40D e a sua lente nã0 muito boa 18-200 IS 3.5.

Bardem me observava nervosamente, como se a minha pobrecita câmera pudesse captar e contar algo que todos já sabiam - que ele tem uma vida normal, como qualquer outro ser humano deste imenso universo que come, bebe e sai com amigos.

Depois de 20 minutos parado na porta e de ter conseguido, finalmente, a minha tão desejada mesa na varanda, apoiei a câmera sobre a mesa. Nesse instante senti que todos se tranqüilizaram: Javier, eu e o restaurante inteiro. Porque era tanta gente me olhando, que o incômodo passou a ficar visível na minha cara. Todos estavam certos de que eu iria tirar a tal foto e sair correndo para vendê-la pra uma Hola! da vida ( a Caras espanhola ).

Eu, moreno, grisalho, latino também e não tão famoso, agi como se nada daquilo estivesse acontecendo. Pedi o meu vinho, a água com gás, a entrada e o prato princiopal tranqüilamente. Enquanto eu saboreava o meu arroz com frutos do mar, a turma bonita tomou o seu café descafeinado ( porque a maioria aqui só toma assim) e saiu do restaurante em direção à praia deixando as mulheres enlouquecidas. E alguns homens também.

Como eu estava na mesa bem próximo do deck, deu pra observar a comoção dos outros seres com a saída do ícone sexual latino do momento.
Eles saíram em direção contrária ao meu campo de visão e, claro que eu me virei pra ver o cara de costas. Ainda vi Javier dando uma olhada pra trás pra confirmar que eu continuava quietinho no meu canto. Me virei ( sei que a próclise aqui está errada, mas fica mais bonito ), peguei a minha taça de vinho e comi muito, como sempre faço com a tal da comida boa.

Acho engraçado que eu escrevi aqui ontem e esqueci de contar o caso. Só lembrei hoje quando vi num guia o depoimento de uma famosa modelo espanhola com dicas dos lugares especiais que ela freqüenta quando vem a Barcelona. AGUA é um deles. E olha que eu não sabia que era um dos preferidos de Ravier Bardem também.

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Definitivamente, no soy lo mismo!