16/01/2009

QUARTO DE HOTEL

Eu sempre gostei de quarto de hotel. Sempre. Todos gostam de ir pra casa de amigos e de parentes. Eu gosto de ir pro quarto de hotel. É engraçado isso. Da janela do quarto de um hotel eu analiso a minha vida e vejo a vida do outro. É um mundo totalmente diferente, é como se alguma coisa muito importante acontecesse e fosse embora rápido. São instantes fulgazes, flashes. São relações quase que momentâneas, sem que dê tempo de perguntar o nome ou a nacionalidade. E talvez, por isso, me encante tanto.

Gosto do cheiro de limpeza, da ducha forte e quente, do banho de banheira, dos edredons brancos, dos lençóis e fronhas ultra-brancos de 1.000 fios e dos seis travesseiros para uma pessoa só - no meu caso.
Mas o que eu gosto mais ainda é chegar e ter tudo arrumado, mesmo não tendo uma Vanuza que saiba onde eu gosto de encontrar as minhas coisas. E "a outra" sempre coloca as coisas no lugar certo.
Mas tem outra coisa que é mais engraçada: eu deixo o quarto 'meio" arrumado para a dona não achar que eu sou desorganizado. Dá pra acreditar? Pois é... Sou assim mesmo. Penso sempre na idéia que estão fazendo de mim. Até a faxineira do hotel.

Outra linha de pensamento:
Ou será que deixo "meio arrumado" para que ela saiba como eu gosto e não faça nada muito diferente, porque uma coisa que eu não sou muito chagado é a tal da surpresa.
Aliás, SURPRESA é um saco.

SAI, OLÍVIA!

Na semana passada me bateu um cansaço de tudo. De tudo mesmo. A sensação que eu tinha é que parecia que eu não tinha saído do meu apartamento em BH, que continuava a ir do quarto para a sala, da sala para a ZOR e voltava para a passear com o João; a mesmice de sempre.
Senti que o hotel Olivia estava se transformando na minha casa. Dez dias no mesmo lugar. Só que com 32m2.

Mudei mais uma vez. Compulsivo, determinado e inseguro como sempre fui, fiquei 2 noites até às 5 da manhã procurando o melhor hotel, a melhor tarifa, a melhor vista, o andar mais alto, o melhor design... CHEGA! Chega de melhor. Tenho q mudar pra qq lugar diferente desse aqui.
O melhor de tudo é que a única preocupação que tenho aqui é para onde eu vou na próxima semana.

Fui parar no Granados 83 por indicação do Guia Wallpaper. Lindo, mas n me convenceu. O quarto do fundo dava para uma quadra de colégio. Tô fora. A frente para um terreno vazio onde se começaria uma construção. Pagar pra dormir mal? Tô fora também.
Infelizmente um infeliz já tinha se apropriado do nome que eu tinha escolhido. Fui procurar o novo nome no "outro lado" do cara aqui: sozinho/ solidão. El Peregrino Solo. Parece nome de música de filme mexicano, mas foi a síntese do que eu sentia naquele monento: desigual e sozinho.

Aí em outra loja da Desigual eu vi mais coisas que me chamaram atenção. A loja tinha 2 portas, em cada uma delas tinha o seguinte texto:
It's not the same.
No és lo mismo.
Aí eu pirei... Vi a explicação do que eu sentia em relação a mim em 2 línguas diferentes e tudo querendo dizer uma coisa só: Desigual.
Agora tá decido: NO SOY LO MISMO. Porque em inglês, apesar da sonoridade ser bonita pra caramba, não rola mesmo.

CRISE DE IDENTIDADE

Eu queria que o meu blog tivesse um nome que resumisse a minha atual condição: cansado e de saco cheio de tudo. Passeando pela Rambla, no primeiro dia, vi essa loja com um nome que me chamou atenção. Graphic Design à parte ( o "s" virado ), eu me vi completamente integrado à aquela conjunção: LOGO:uma fonte básica, mas "com identidade"...kkkkkkkkkkkkkk... pq tem o "s" virado. Entupida de gente maluca querendo comprar. ARQUITETURA: Uma arquitetura confusa, de mau gosto, ruim de doer. PÚBLICO-ALVO:gente estranha, querendo ser normal, ou melhor, Desigual.

Isso tudo resumia como eu me sentia naquele momento: um cara com boas intenções, mas completamente confuso. Aí decidí: sou DESIGUAL!

Acho engraçada a minha explicação quando me perguntam se estou de férias aqui na Europa.
Eu sempre digo que não. Respondo que estou num período sabático, para que eu justifique para mim mesmo a minha saída por 2 meses e meio em busca de alguma coisa que nem eu mesmo sei o q é. Outra bobagem. Justificar pra quê?
Mas uma expessão que vi no filme Sociedade dos Poetas Mortos resume tudo: Carpe Diem!
E deu uma vontade de de subir na mesa... E subi.
Pois é... 12 dias sem escrever. Eu tinha jurado pra mim mesmo que faria deste blog um diário de viagem. Bobagem.
Achei melhor seguir o que o meu corpo cansado e as minhas mãos preguiçosas me pediram pra fazer: nada.

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Definitivamente, no soy lo mismo!