14/03/2009

DIA DO NADA

É muito bom estar num país onde você se faz entender e tudo lhe parece familiar.

Rever Madri depois de tanto tempo foi muito bom. Resolvi ficar no Chueca, na mesma região que eu fiquei hospedado há 15 anos atrás porque as lembranças são muito boas. Optei pelo Hotel Via 66, da rede Vincci ( vinccihoteles.com), que fica na Gran Via, principal artéria de Madri, que tinha um design à altura do meu cansaço, caso eu resolvesse ficar trancado no quarto dormindo.

Caminhar pela Gran Via à noite foi como se eu estivesse parado no tempo. Nada por aqui mudou: os mesmos prédios, as mesmas prostitutas e a mesma atmosfera. Nela a vida acontece, é onde os jovens borrachos madrilenhos e do mundo todo caminham de um lado para o outro buscando diversão nas ruelas que iniciam ou passam por ela.

Aqui na Espanha é realmente diferente. A começar pelo clima. Cheguei com 23 graus às 9:30h da noite e, por aí, dá para imaginar o dia. Muito diferente dos 8 graus de Paris, Atenas e Istamnbul.

Quando cheguei ao hotel, depois da confusão da perda do vôo em Paris, eles resolveram não cobrar o dia em que eu não apareci, o que seria de praxe pelo noshow; e ainda me deram um upgrade: uma suíte com banheira, no décimo andar, com uma varanda de onde eu vejo a cidade acontecer. Linda!

Ontem eu acordei quando o meu corpo pediu: às 11h da manhã.
Abri a porta da varanda de de 20m2 com deck de madeira e mesinha com cadeiras modernas para tomar sol. Peguei todas as roupas que eu não agüento mais ver e as coloquei para tomar um banho de sol aos 32 graus... E fiquei aqui, quarando, junto com as roupas até ter vontade de sair.

Resolvi tirar o dia para não fazer nada porque a exaustão chegou ao limite. Eu sinto o corpo cansado, dolorido, mas a cabeça nunca esteve tão serena e tão leve. Acho que, agora, chegou mesmo a hora de voltar.

À 1h da tarde vesti as roupas imundas, o tênis imundo com a meia imunda e resolvi cuidar de mim. Acho que foi a primeira vez que eu saí sem a mochila ou com a câmera fotográfica nas mãos. Cansei.
E, se alguma coisa de bacana acontecer, ficará guardada na memória, porque o corpo não está pra peso, pensei.

Saí com a vontade de jogar todas as minha roupas fora... Não agüento mais! E, por mais que as lave, são dois meses e meio usando as mesmas quase todos os dias. E, a maioria, preta! Num sol de 32 graus?

Sentei numa mesa na calçada de um bar de tapas na Gran Via, ao lado do hotel, e via os carros e as belas pessoas passarem. Pedi uma cerveja, uma salada de tomates, atum e azeitonas, e montadito de jamón ibérico, para matar a saudade da Espanha.

Comi feliz da vida e saí em busca de presentes que pudessem alegrar o meu dia.

Mas senti que as minhas pernas não suportam mais o peso do meu corpo. Caminhei, meio que arrastado, pelas ruas de Chueca e vi que aqui as coisas mudaram e muito. Muitas lojas de marca, gente moderna e aficionados fashion madrilenhos a rodo.

Entrei na Diesel para experimentar uma calça e percebi que a bendita que, normalmente, eu uso 31-31 já não me cabia mais. Fiquei puto e saí querendo ir para uma mesa de cirurgia fazer uma lipo rápida. Deixei de lado a idéia da roupa, para não haver mais desgate entre mim e a minha silhueta.

Fui pelos becos e ruas procurando coisa diferentes, e como tem... Os casarios antigos se transformaram em lojas, restaurantes, bares ultra modernos em arquitetura, design e galerias de arte que me fizeram lembrar Nova York.

Encontrei pelo caminho a Blanca Galeria Berlin ( blancagaleriaberlin.com ), uma galeria de arte que representa trabalhos de fotógrafos do mundo todo, inclusive brasileiros. Fiquei lá por uma hora e saí para não deixar as jóias da família com a simpática moça que me atendeu.

Nenhum museu, nenhum ponto turístico, nehum obelisco, nehuma foto.

Ontem foi o dia do NADA!

RICHARD ROGERS E PENELOPE

A viagem foi bem tranqüila. A vontade de ficar em Paris era grande, mas a de voltar a Madri era imensa.

E, para variar, mais um acontecimento estelar. Depois de ficar extasido com a arquitetura do aeroporto de Barajas, obra de Richard Rogers, saio com as minhas pesadas malas nas mãos em direção à saída e vejo muitos fotógrafos e cinegrafistas na porta da sala de desembarque e pensei comigo: será que isso tudo é por causa do meu aniversário ontem? hehehehhe

Será que El Peregrino Solo já virou uma celebridade em Madri?kkkkkkkkk

Antes de pegar a reta que leva à porta de saída, vi um policial abraçado à moça morena muito bonita, maquiada, de corpo bacana e um senhor fotografando os dois; mais uma daquelas meninas que gostam de tirar fotos com policiais ou marinheiros; elas normalmente têm um fetiche por fardas, imaginei.
Achei engraçado que o senhor entregou a câmera para o policial, ao invés de entregá-la para a moça, já que era ela que tinha pedido a foto.
A moça deixou o rapaz, o rapaz agradeceu, ela saiu ao meu lado e os flashs das câmeras não pararam por uns dez metros.

Olhei para o lado e vi que a moça, Javier, também me parecia familiar.. hehehhee

Olhei de novo e vi que era Penelope Cruz, atriz espanhola premiada com o Oscar deste ano como melhor atriz coadjuvante por Vick Cristina Barcelona, filme que me fez escolher Barcelona como meu porto seguro nesta viagem.

Infelizmente eu já tinha guardado a minha câmera depois de ter fotografado a poderosa obra arquitetônica de Richard Rogers, enquanto esperava por mais de quarenta minutos as malas aparecerem na esteira.

Penelope passou e eu não a fotografei. Mas eu estava tão cansado que falei pra mim mesmo: calma, Aloizio, daqui a pouco vem a Scarlett Johansson.

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