27/01/2009

FESTA DE BABETTE E DE LUIZ

Estou começando este texto agora super emocionado.

Mais uma vez matei a aula de espanhol porque a manhã foi pesada. Hoje o Joan, meu professor de fotografia, veio me ensinar a mexer no Lightroom para eu poder tratar sozinho as minhas fotos sem encher o saco do Odon na ZOR.
Pois é... tenho um escritório de design há 13 anos e, até agora, o computador era só uma ferramenta para navegar na internet. O Odon, meu fiel escudeiro, designer de talento e Magáiver mais que eficiente, sempre se colocou à disposição pra tentar me ensinar, mas eu nunca me interessei. Hoje me propus a aprender. E me encantei.

Eu vi o tanto que é fácil assimilar alguma coisa quando realmente se quer aprender. Mas saí da aula, duas horas depois, esgotado. O Juan fala muito rápido e eu tenho que prestar atenção em dobro para que eu possa entender tudo. E não é que eu estou bom no negócio!... hehehehe

Como eu já disse antes, eu também estou aprendendo a ouvir e - JÁ SEI- os meus queridos e amados funcionários devem estar batendo palmas!!!!!kkkkkkkkkkkkk
Estou melhorando, moçada.

Vamos voltar às emoções.

Eu, morto de cansaço ao meio dia e meia, não agüentaria mais quatro horas de aula de espanhol com outros dois professores falando na minha cabeça. Resolvi relaxar e rodar. Peguei um táxi, porque hoje não estou com paciência nem pra metrô. Fui pro Barceloneta, bairro onde se localizam os melhores e mais antigos restaurantes de comida catalã e onde vive o povo lowprofile de Barcelona. Low nada, bicho-grilo mesmo.

Primeiro fui comer tapas no El Vaso de Oro - um bar de balcão imenso com decoração em madeira escura e lustres dourados! De fo-der! Eu fiquei surpreso porque pensei que fosse comer sentadinho numa mesa. Que nada! Em pé no balcão. E entupido de gente faminta como eu.
Que tesão! Pedi uma cerveja grande que vem numa taça imensa de mais ou menos uns 40 cm de altura e três tapas: sardinhas no azeite, pimentões e choriço na chapa. Sem explicação!

Mas comi rápido porque eu estava com fome de comida e fui atrás do menu del día do Kaiku, um restaurante com uma comida inacreditável preparada pelo chef Hugo que conheci no domingo. Cheguei hoje às 15:50 e a cozinha estava fechada desde as 15:30. Relaxei, reservei uma mesa pra amanhã e fui pro La Bombeta.

La Boombeta é um restaurante de tapas onde fui almoçar no sábado. Foi lá em frente que tirei a foto daquele policial que mais parece um modelo do Models.com. kkkkkkkkkkkk
E saí de lá com lágrimas nos olhos de tão feliz e com o estômago agradecido pelas bombetas, camarões na chapa e mexilhoes que comi lambendo os dedos e os beiços.

Hoje resolvi repetir a dose. Mais duas cervejas e mais lágrimas nos olhos... Não vou falar o que eu comi não para não irritar o pobre coitado que tá lendo...kkkkkkkkkkkkkkkkk
Mas vai ter fotinha irritante pra sacanear.

Hoje eu tô tão feliz que tô parecendo o Macaco Simão da Folha!!!!!!!

Saí entupido de tanta comida boa e bêbado, claro. Acho que eu sou a única pessoa que depois de 4 anos que começou a beber cerveja, ainda fica tonto com 2 ou 3 copos - grandes. Ma eu sou assim e fazer o quê? Melhor pra mim que gasto menos.

Saí perambulando pelo porto até encontrar pelo caminho o Museu de História da Catalunha. Um prédio imenso, do início do século passado. Bacana, mas meio jeca. É uma viagem pelo tempo que começa no século IV até os dias de hoje.
Imagina o que eu, borracho, querendo a minha cama kingsize do hotel Omm, fui fazer num museu de 4 andares àquela hora da tarde? E ainda que conta a história detalhada da glória catalã que se passa por 15 séculos? Pensei em recuar em frente no armário onde se deixa a mochila...
Nãaaaao! Já pagou os 2 euros, agora vai....kkkkkkkkkkkkkkk
A entrada era 4 euros, mas como eu tinha feito o passeio turístico em cima daquele ônibus aberto ( que faz frio pra cacete! ) e roda meia cidade em 2 horas e você vai parando onde te interessa, eu ganhei um livrinho de descontos para cada um dos pontos turísticos da cidade. Oba!!!!

Pois bem... Andei meio que arrastado pelos quatro andares fotografando o que me interessava e fui embora. Fui à procura de design no El Raval, meu bairro do coração.

Inimaginável uma loja que eu fui conhecer pelo Guia Wallpaper: Against ( againstbcn.com ). sabe o que é pensar e repetir baixinho: "EU NÃO QUERO MAIS SAIR DESSE LUGAR!". Pensei só comigo e mantive a classe de designer interessado nas boas peças do séc. XX. Só peças das décadas de 40 a 80. Fotografei quase toda a loja e saí correndo para não mandar um container lotado para o Brasil. Mas cheguei a perguntar o preço de envio. O meu santo relaxou e saí correndo sem olhar pra trás.
Mentira... Olhei sim pra fotografar a fachada.

Boquiaberto, segui pelas ruelas chamosas do El Raval em diração à não sei onde.
Estava esperando o teor alcóolico baixar. Fui me acalmando e visitei, mais uma vez o belíssimo hotel Casa Camper ( casacamper.com ). Eu já falei dele aqui, mas vale a pena repetir. Um conceito diferente de hotelaria, onde tudo é reciclado e comidinhas naturais 24h.

É lindo de morrer, mas não tem vida e não deu vontade de ficar. De tão bacana é chato. Como sempre, pedi pra fotografar a recepção deixando certa a minha ida para amanhã. Mentirinha a fovor da boa referência... hehehehe... Papai do céu dos designers perdoa!

Opa!!!!! Hoje eu tô fervendo!!!!

Perambulando pelas Ramblas sem saber onde jantar, porque já eram 9 da noite, resolvi ligar pra minha querida-amada-amiga-funcionária Traste, Tininha pra quem não conhece, que faz anos hoje. Foi um papo tão delicioso que fiquei mais feliz ainda. Parabéns, Traste querida do meu coração!

Depois de rodar a região com um guia na mão procurando o que e onde comer, vejo que das minha opções: um restaurante já tinha desaparecido do mapa, outro eu já conhecia e eu não queria voltar a comer nele, o outro era longe demais para a minha fome...Ishhhh.. Hoje eu tô que não me agüento!..
Resolvi, por fim, voltar para o hotel e jantar no Restaurante Moo, aqui no térreo Hotel Omm
( hotelomm.es ) onde estou hospedado. Esse jantar eu estou adiando desde sexta-feira passada, o dia que eu cheguei aqui.

Pensei comigo: que saco!... Jantar sozinho num restaurante que, com certeza,vai ter pouca comida - porque eu gosto de comida farta, gente metida a besta, que ainda tem uma estrela no Guia Michelin, e eu de tênis e mochila de fotógrafo - porque estava sem saco até pra subir no quarto e guardar a probre coitada e colocar um sapado decente.
Mas tem coisa que não tem como fugir. É a mesma coisa que ir a Paris pela primeira vez e não conhecer a torre Eiffel. Já que estou aqui, vamos provar a comida dos homens... ( os irmãos Roca ).

Pois é... Foi aí que eu comecei a me emocionar. O Moo é um restaurante degustação onde são oferecidos 06 opções do Munú Degustación, e são servidos 05 pratos, da entrada à sobremesa - que tem nome de perfumes famosos. Escolhi o Menú Otoño. Quer mais poesia? Calma, que vai ter.
No cardápio você encontra apenas 09 pratos à la carte para quem não quiser entrar no esquema.

Primeiro, uma iluminação indireta que deixa o ambiente delicioso. O cardápio tem capa de madeira escura laminada de 3mm de espessura com o logo vazado sobre um papel vegetal laranja 450gr ( só pra deixar os designers e produtores gráfico nervosos ) e espiral metálica preta de um material muito fino, coisa que eu sempre procurei mas nunca encontrei no Brasil. O guardanapo era do melhor lindo, imenso - 50x50cm, engomado e com o nome Moo bordado em cinza em uma das extremidades. Ah... E ele vem servido numa bandeja e o garçon o leva até você com duas espátulas; não fica em cima da mesa não.
Piso de granito cinza escuro polido de 50x50cm com alguns tapates cinza médio criando ilhas sob as mesas. A parede de fundo é um grande pano de vidro, criando uma vazio de uns 2m entre o vidro e a parede externa, onde foram colocadas peças de aço inox polido fixas nessa parede e alguns chumaços bambus, criando uma atmosfera cenográfica bacana de longe, mas de perto é tudo muito feio e mal conservado. Esse cenário é pra ser visto de frente e, se alguém se posiciona na lateral como eu, vê uns vazios que me incomodaram e atrapalharam as minhas fotos.
A arquitetura e o mobiliário são normais, sem muita expessão.
Mas a comida...
É de encher os olhos de tão linda e fazer o coração cantar de tão saborosa. A cada prato que chegava, vinha o maitre ( um cara moderníssimo de cabeça raspada a zero ) e explicava em espanhol a composição do prato. Eu fechava os olhos e me sentia dentro do filme A Festa de Babette.
Ele me observava de longe saboreando os pratos de olhos fechados, vinha depois e perguntava o que eu tinha achado da comida.

Indescritível. Inenarrável. Admirável.

E o mais bacana: ele veio no final com o Menú Otoño que eu tinha escolhido impresso num papel timbrado, formatos A5, para eu me lembrar com carinho do presente gastronômico da noite de hoje.
Não sei é de praxe fazer isso ou se o educadíssimo cabeça raspada ficou impressionado com o meu delírio e me deu essa lembraça.

Quando eu achava que o meu dia já tinha sido perfeito, ficou irretocável agora.

Eu sempre agradeço a Deus e ao meu pai Luiz por me acompanharem em momentos felizes como os de hoje. Eu sei que esses dois estão sempre do meu lado e são os responsáveis por eu estar aqui tão bem, com tanta saúde e tão feliz. Obrigado.

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