14/02/2009

TODAS AS FOTOS DA VIAGEM AO ATLAS: http://www.flickr.com/photos/BUENAVISTABH

















TEM CAMELO? TEM!

Agora tenho que dormir porque tem passeio amanhã.

Dois dias pelo Marrocos visitando alguma cidades, percorrendo caminhos e a noite termina com a turma dormindo numa tenda berbere na beira do deserto.

Pelo caminho tem oásis, cidades milenares e, o mais bacana: quatro horas em cima de um camelo pelo deserto. Eu e o trio maravilha!

Até 3a! Porque pelo caminho não tem wi-fi.

Se e não escrever mais é porque eu fiquei por lá. E não mandem me buscar!kkkkkkkkkkkk

VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA

Depois do passeio pela praça, o Ali me deixou no riad e fui direto pra internet procurar um cando decente para eu ficar nos próximos dias. Fiquei das 10h até 3:30h da manhã na labuta, anotei alguns telefones para ligar assim que eu acordasse.

No quarto, olhei de novo para para o banheiro e não tive coragem. Dormi sem banho e com a roupa que eu tinha viajado e ficado o dia todo, porque eu estava sem forças até pra colocar um short e uma camiseta pra dormir.
Dormi um sono pesado, como não tinha dormido na viagem até agora.
Acordei às 8h com passarinhos cantando no jardim central e essa foi uma sensação muito boa.
O café da manhã é servido em mesas baixas nessse jardim e a comida é deliciosa.

Tomei café e, com a ajuda do Nagib, ligamos para uns três hotéis fora da Medina procurando vaga para esse pobre infeliz.

Porque Medina, nem pensar!

Ah! Esqueci. Na noite anterior eu pedi ao Ali para passar às 11h da manhã para que ele me ajudasse a levar as malas pelos 400 ou 500m do riad até o ponto de táxi mais próximo.
Delícia, né!

Encontramos o Kenzi Farah (kenzi-hotels.com ), um hotel de uma grande rede, meio familiar e lotado de turistas franceses. Não tem o charme dos riads, mas aqui eu encontrei meu porto seguro. E ambiente familiar é o que mais estou precisando nesse momento... hehehehe

Estou no quarto 188, para ter uma idéia... Acho que deva ter aqui uns 250 apartamentos todos com vista para o jardim central maravilhoso de 5.000m2 com palmeiras imperiais, tamareiras e outras árvores frutíferas. Vejo isso tudo da varanda do meu quarto e ainda acordo com o canto dos passarinhos.
No centro do jardim tem uma piscina imensa de fundo azul que iluminada à noite fica ainda mais bonita, onde os gringos esticam ao sol os seus corpos brancos leitosos nesse calor de 15 graus.

Agora eu tô me sentindo como no poema de Manuel Bandeira "Vou-me Embora pra Pasárgada":

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de no ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Tenho esse poema decorado desde a infância mas nunca pensei que um dia ele me cairia tão bem. Que bom que aqui eu encontrei a minha Pasárgada.

MEDINA - O MARTÍRIO

Eu, como sempre, o previsível imprevisível, não reservei o riad em Marrakech. Pensei comigo: vou chegar às 6h da tarde, final de dia, vou para a rua e olho as fachadas do ríads e escolho, e como eu fiz em Granada ou Sevilha.kkkkkkkkkkkkkkkk

Doce ilusão.

Ainda em Sevilha mandei emails para dois riads - que são casas familiares que se transformam em pequenos hotéis de , no máximo 6 a oito quartos.
Recebi resposta de um deles, de uma francesa muito elegante e a outra, nem tchum. Claro que eu fui pra outra que "nem tchum" e me ferrei, porque o da francesa era caro demais.

Ainda no aeroporto, fiquei alucinado com a sua dimensão e a arquitetura: teto com quinas arredondadas, uma grande caixa de losangos vazados.

Peguei um táxi e indiquei pro marroquino no Guia Espiral da Folha - que é muito bacana , o endereço do tal riad. O motorista fez cara de entendido e fomos mudos até a Medina. Falar o que, né?

Escolhi ficar hospedado num riad porque todos os guias e alguns amigos disseram que o bacana em Marrakech é ficar num riad e se perder pelos souks na Medina. Então tá!!!!!

Pelo caminho, comecei a perceber como é o caótico o trânsito da cidade. Estrada de terra, poeira do fim de tarde, poucos sinais, bicicletas que avançavam na frente de carroças, que avançam na frente de motos e mobiletes, que avançam em cima da gente. Caos total. E um final de tarde digno das fotos maravilhosas do Marrocos: tudo laranja. Lindo!

Lembrando: eu com uma mala imensa e duas mochilas pesadas no porta-malas do táxi.

De longe eu percebo um grande muro laranja, que divide a Medina da parte moderna da cidade. Emocionante. Entramaos através de uma dos portões e alí o motorista disse com um carregadíssimo: is near. OK, eu respondi!

Ele parou o táxi numa praça sem calçamento e disse em inglês marroquino: 25 meters.
Quando eu saí do tal com o meu figurino preto total, com três malas pretas, vieram 2 rapazes perguntando ao mesmo tempo em francês, inglês e árabe para onde eu iria- eram os faux guides.
Caminhei por um beco na direção que o motorista tinha indicado e os dois atrás de mim. Para tentar sair do papo, disse, em inglês que eu falava espanhol. Que merda! Uma deles falava tamabém.

Assustado, nas ruas estreitas, escuras sem calçamento da Medina, perguntei a um vendedor de uma vendinha o endereço do riad, apontando para o guia.
Aqui fui mais grosseiro com os caras e consegui que fossem embora, mas o medo aumentou.

Perguntei pra mim: o que eu faço agora? Foi quando apareceram dois míni-falsos-guias- turísticos...kkkkkkkkkk Relaxei na medida do possível, mostrei o guia eles me levaram por, mais ou menos, uns trezendo metros Medina adentro. Cadê os 25m que o motorista tinha falado? Becos escuros, chão batido, muita mobilete brigando pra passar junto com os pedestres num espaço de dois metros de largura.

Onde eu fui me meter, meu Deus? E, em pensamento, eu falava comigo: calma que vai passar...

Cheguei até a porta o tal riad maravilhoso do guia, o Dar Al Sultan. Batemos à porta e nada. Batemos de novo e nada também. Tô fodido!! Agora falando alto e eme bom tom pra qualquer marroquino ouvir.
A "rua" do bendito era mais estreita que a s outras, com mais ou menos, 1.20m de largura.
Como pode existir alguma coisa bacana aqui?

De tanto bater na porta, apareceu na janela da casa ao lado, um rapaz com um inglês melhor explicando que o "da recepção" tinha saído para comer, mas o riad estava lotado.

Agora que eu me ferrei de vez.

O rapaz desceu, muito educadamente perguntou se eu queria ir pra outro perto dalí. Sure! Respondi mais que depressa.

Ele pegou a minha mala gigante e começou arrastá-la pelos rodízios pelas ruas assustadoras da Medina...kkkkkkkkkkkkkkkk. Os rodízios se afundavam em lama, agarravam no cascalho, caía nos buracos; e o medo de ele dar um galope e sumir com todas as minhas coisas? Fiquei colado nele e no guia mirim que ainda nos acompanhava.

O nome desse santo árabe é Ali, garçon de um restaurante perto da Praça Djeema El-Fna, onde tudo acontece em Marrakech, que durante o dia trabalha como guia turístico.

Ele me levou até o ríad Chennaoui onde, felizmente, tinha vaga.
Entrei por um corredor decorado com azulejos árabes até chegar a um jardim central, que é comum a todos os ríads. Fui atendido pelo Nagib, um rapaz bacana, berbere - povo que vive em casa de pedras nas encostas rochosas, que veio pra Marrakech para trabalhar e estudar.

Ali eu me senti mais protegido, mas não tinh internet nos quartos. Como eu vou escrever o meu blog?

Fui para o quarto e o banheiro não deu vontade nem de entrar. O Chuveiro era uma duchinha dessas pequenas que tínhamos na dácada de 70. Lá em casa, em Itabira, tinha um aparecida.

Travado de tensão, perguntei ao Ali quanto eu o devia. Ele respondeu que era quanto eu quisesse pagar; então fiz os meus cálculos de euros para o dirham e dei 100dhs, o que equivale a 10 euros e 20dhs para o guia mirim. Mais depois perguntei para o Nagib o que seria bacana pagar e ele disse que, no máximo, 30dhs. Tá bom, paguei a mais pela tranquilidade que ele me deu e 10 euros naquela situação que eu me encontrava era um trocado.

Ele me perguntou seu eu queria que ele voltassse duas horas depois para que ele pudesse me mostrar a cidade. Pensei comigo: eu, sair sozinho pela Medina? Porque ao invés de me perder nos souks, eu iria me perder alí mesmo. Nem morto! Respondi: pode passar às 8h. Gracias!!!!
Porque o anjo marroquino alé de falar árabe, francês e inglês, arranha no espanhol.

MARRAKECH - O TRIO SURPRESA

Eu vim pra Marrakech em um vôo que saiu de Sevilha, fez escala em Lisboa e lá eu tive uma surpresa da boa.

Na sala de embarque, vi uma menina moderna de cara blasée, franja, piercing no nariz e pensei comigo: esses europeus têm um visual muito bacana mesmo.
E, perto dela, um rapaz bem alto, cabeça raspada, vestido com um bermudão cargo, tênis e o seu ipod que, num primeiro momento, pensei que fosse algum jogador de basquete, porque ele destoava do resto da turma pela altura e pala cara de meninão saudável .
O frio estava ameno no aerporto, mas não deixa de ser um friozinho do inverno europeu para vestir uma bermuda.

Sentado na minha poltrona no avião minúsculo - ai que saudade da GOL e da TAM!!!!, ouço na fila da frente algumas palavras familiares sem o sotaque português o que seria normal porque, afinal de contas, eu estava na nossa terra-mãe.
Era a menina bacana, a Raquel, o cara grandão, o Marcelo e a mãe, a Mônica; um trio muito especial de BH de férias por Marrocos e Portugal. Dá pra acreditar? Encontrar mineiro em Marrakech?

Eles fizeram a mesma escala em Casablanca e, papo vai, papo vem, a Mônica se lembrou que nós já nos conhecíamos de um encontro num bar onde fui rever a Andréa Itabayana, minha grande amiga que hoje mora em Salvador. E a Mônica é amiga da Andréa Duarte, outra grande companheira da época de produção. Êta mundinho pequeno!

Trocamos email e a Mônica me passou o telefone do ríade onde eles ficariam hospedados para que a gente pudesse se comunicar e tratar algum passeio juntos.
Nós nos despedimos no aeroporto porque eles ficaram para fazer a entrada legal no país, já que eu já tinha feito em Casablanca.

E como essa turma tem energia boa...

Ainda bem teve energia boa no início, porque na saída do aeroporto começou o meu martírio.

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Definitivamente, no soy lo mismo!