14/02/2009

VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA

Depois do passeio pela praça, o Ali me deixou no riad e fui direto pra internet procurar um cando decente para eu ficar nos próximos dias. Fiquei das 10h até 3:30h da manhã na labuta, anotei alguns telefones para ligar assim que eu acordasse.

No quarto, olhei de novo para para o banheiro e não tive coragem. Dormi sem banho e com a roupa que eu tinha viajado e ficado o dia todo, porque eu estava sem forças até pra colocar um short e uma camiseta pra dormir.
Dormi um sono pesado, como não tinha dormido na viagem até agora.
Acordei às 8h com passarinhos cantando no jardim central e essa foi uma sensação muito boa.
O café da manhã é servido em mesas baixas nessse jardim e a comida é deliciosa.

Tomei café e, com a ajuda do Nagib, ligamos para uns três hotéis fora da Medina procurando vaga para esse pobre infeliz.

Porque Medina, nem pensar!

Ah! Esqueci. Na noite anterior eu pedi ao Ali para passar às 11h da manhã para que ele me ajudasse a levar as malas pelos 400 ou 500m do riad até o ponto de táxi mais próximo.
Delícia, né!

Encontramos o Kenzi Farah (kenzi-hotels.com ), um hotel de uma grande rede, meio familiar e lotado de turistas franceses. Não tem o charme dos riads, mas aqui eu encontrei meu porto seguro. E ambiente familiar é o que mais estou precisando nesse momento... hehehehe

Estou no quarto 188, para ter uma idéia... Acho que deva ter aqui uns 250 apartamentos todos com vista para o jardim central maravilhoso de 5.000m2 com palmeiras imperiais, tamareiras e outras árvores frutíferas. Vejo isso tudo da varanda do meu quarto e ainda acordo com o canto dos passarinhos.
No centro do jardim tem uma piscina imensa de fundo azul que iluminada à noite fica ainda mais bonita, onde os gringos esticam ao sol os seus corpos brancos leitosos nesse calor de 15 graus.

Agora eu tô me sentindo como no poema de Manuel Bandeira "Vou-me Embora pra Pasárgada":

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de no ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Tenho esse poema decorado desde a infância mas nunca pensei que um dia ele me cairia tão bem. Que bom que aqui eu encontrei a minha Pasárgada.

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