23/02/2009

DESCOBERTA

Sempre que eu via alguém com fone de ouvido imaginava como ela podia ficar desconectada do mundo e se entregar à música naquele momento e ficar só, sem pensar em nada senão na voz e no ritmo. Para mim isso sempre se mostrou um desprendimento inacessível, incompatível com a minha forma de vida.

Mesmo em casa a música ocupa um espaço quase que nenhum na minha vida. Eu nunca dei tempo pra ela e nunca tive o hábito que todo mundo normlmente tem de chegar em casa e ligar o som para tomar banho ou para encher o vazio da casa.
A TV, a informação visual, sempre foi mais importante porque me serviria para ter alguma idéia fantástica para os meus clients fabulosos.

Agora estou aqui no deck do barco continuando a subida do Nilo depois de tomar um café da manhã maravilhoso e comecei a pensar sobre isso. Deu vontade de ligar o ipod e liguei; senti uma coisa muito boa e me perguntei porque não faço isso mais vezes. A resposta veio instantaneamente: porque eu não me permito.
E como é bom me permitir isso!

Eu sempre estive conectado em ter alguma idéia fantástica para algum trabalho que nem sempre precisava dela.
Eu não tinha tempo para me dar certos prazeres banais, como esse de colocar os fones de ouvido e ouvir Marisa Monte numa manhã de domingo. Mas agora caiu a ficha e deu vontade de escrever para eu nunca mais esquecer.

Estou escrevendo agora debaixo de um céu azul e um sol radiante vendo os outros barcos passarem do lado e as lágrimas não param de cair. Acho que estou reaprendendo a ser uma pessoa normal, com desejos normais com quase quarenta e um anos, porque dia onze de março é daqui a dezessete dias.

E outra descoberta: eu tenho vontade de ouvir música, de ler, de fazer alguma pra mim quando estou tranqüilo, em paz comigo. Isso aconteceu inúmeras vezes em Barcelona, onde eu tive tempo de sobra para não fazer nada e me desconectei completamente da minha vida no Brasil. A minha compulsão pela idéia perfeita, enfim, pelo trabalho incessante, sempre ocupou todo o meu tempo até agora; mas isso vai mudar.

Paz interior. Parece coisa de Gandhi com designer de interiors, mas é essa paz que eu busco e parece que estou no caminho certo de encontrá-la. Eu sinto que eu preciso tentar me dar mais presentes daqui pra frente. Pequenos regalos que não custam nada ao bolso, que dependem só da minha vontade e me fazem extremamente feliz.

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Definitivamente, no soy lo mismo!